Quando a gripe aviária atingiu o gado leiteiro há um ano, parecia possível que se espalhasse apenas por alguns rebanhos isolados e desaparecesse tão rapidamente quanto surgira. Em vez disso, o vírus infectou mais de 900 rebanhos e dezenas de pessoas, resultando em uma morte – e o surto não mostra sinais de diminuição.
Mais de uma dúzia de especialistas entrevistados afirmou que uma pandemia não é inevitável, mesmo agora. Mas uma série de eventos nas últimas semanas indica que a possibilidade já não é remota. As diretrizes ineficazes, os testes inadequados e os longos atrasos na divulgação de dados – ecos dos erros cometidos durante a pandemia de Covid – desperdiçaram as oportunidades de conter o surto.
Em um exemplo emblemático da desorganização, alguns rebanhos leiteiros em Idaho, que foram infectados pela gripe aviária na primavera setentrional, apresentaram sintomas leves pela segunda vez no fim do outono, segundo a apuração feita pela reportagem. Em meados de janeiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, sigla em inglês) declarou que nenhuma infecção nova em rebanhos do estado havia sido identificada desde outubro. Mas as autoridades estaduais mencionaram publicamente casos mais leves em novembro.
Segundo os especialistas, não é surpresa que um segundo surto de infecções cause sintomas mais brandos em bovinos, e que essa pode ser uma notícia boa para os fazendeiros. Mas as reinfecções sugerem que o vírus, chamado H5N1, poderia circular nas fazendas indefinidamente, encontrando oportunidades para evoluir para uma forma mais perigosa – um cenário de “alto risco”, disse Louise Moncla, bióloga evolutiva da Universidade da Pensilvânia, acrescentando: “Poderíamos facilmente acabar com a circulação endêmica do H5 em rebanhos leiteiros sem sintomas, dificultando uma detecção rápida ou simples.”
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