João, 74, e Geralda, 66, vivem dias de tensão desde que a Justiça autorizou a desapropriação da casa da família, construída há quase um século no distrito de Santa Quitéria, em Congonhas. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) quer instalar no local uma pilha de rejeitos — antes mesmo do licenciamento ambiental ser aprovado.
A casa, cercada por nascentes e árvores nativas, é símbolo da comunidade. Ali, as netas nadaram em piscina natural, o fubá era moído em pedra do avô e o forno de barro guardava o cheiro dos biscoitos da matriarca. “A gente não tem apego a luxo, tem apego à memória”, diz dona Geralda.
Na última terça (15/7), oficiais de Justiça, seguranças e funcionários da CSN foram ao local com placas e corrente para o portão. Recuaram após seu João passar mal. O idoso hoje toma remédios para depressão e ansiedade.
A desapropriação foi autorizada por decreto do governador Romeu Zema (Novo). Segundo a CSN, 27 dos 30 imóveis já foram comprados “de forma amigável”. A casa da família é uma das poucas com escritura regular.
“Vamos fazer uma barreira humana”, diz dona Geralda, com muita esperança.
O Ministério Público alerta que as pilhas de rejeitos também oferecem riscos graves. Em 2023, um deslizamento deixou 288 pessoas desabrigadas em Conceição do Pará.
fonte:alfinetei