Por 30 anos, Irmã Dulce dormiu sentada em uma cadeira de madeira, por apenas quatro horas por noite. O gesto extremo era a forma que ela encontrou de ter mais tempo para cuidar dos pobres, doentes e abandonados que acolhia diariamente em Salvador. Mas esse sacrifício também tinha raízes em uma promessa feita em 1955: quando sua irmã Dulcinha enfrentava uma gravidez de alto risco, Irmã Dulce pediu a Deus que ambas sobrevivessem — e prometeu nunca mais dormir em uma cama se o pedido fosse atendido.
A promessa foi cumprida com fidelidade por três décadas. A cadeira em que ela dormia era simples, sem conforto, e ficava ao lado da cama que permaneceu praticamente intocada. Mesmo cansada e com a saúde frágil, ela mantinha a rotina: dormia por apenas quatro horas, com os pés apoiados em uma escada, e passava o restante da noite rezando, escrevendo cartas em busca de doações ou visitando os corredores do hospital improvisado que fundou. Em 1985, já bastante debilitada, foi convencida pelos médicos a voltar a dormir em uma cama.
Canonizada em 2019, Irmã Dulce se tornou a primeira santa nascida no Brasil. A cadeira, preservada no memorial das Obras Sociais Irmã Dulce, é hoje um símbolo silencioso de uma vida marcada pela fé e pelo amor ao próximo. Não é apenas uma peça de mobiliário: é testemunha de uma promessa radical, cumprida com humildade e coragem por quem fez de cada minuto acordada uma oportunidade de servir os que mais precisavam.
fonte:alfinetei